O Estado é laico, mas os governantes seguem sendo pecadores. No caso de Ratinho Jr. (PSD), em seus seis primeiros meses de gestão, os dois pecados fundamentais foram o da avareza e o da mentira. Os dois estão relacionados com os servidores públicos.
A mão fechada pode ser uma virtude no caso de um político – um pouco de austeridade ajuda a combater desperdícios. Mas a virtude está no meio, e Ratinho tem optado pelos extremos: pródigo na distribuição de lucros aos milionários sócios da Copel e da Sanepar; avaro ao conceder reajuste aos assalariados.
É a avareza seletiva, que aliás já marcou a gestão de Beto Richa. É muito provável que Mauro Ricardo Costa, o homem que tinha a chave do cofre de Beto, continue escondido em algum cantinho do Palácio. Porque não é possível os dois governos serem tão iguais.
Se a avareza é grave, imperdoável é a mentira. Ratinho disse diante das câmeras que o servidor já tinha sofrido demais e que era hora do reajuste. Agora, diz que gostaria de “fazer média” com o funcionalismo. Foi o que fez no passado? Uma mentirinha, só isso? Nada: uma mentirona.
O governador se elegeu fingindo ser quem não era. Claro que dirá agora que não sabia das finanças do estado. Nesse caso, passará não por mentiroso, mas por incompetente. Teve acesso ao caixa como secretário, como amigo do rei, como deputado, como cidadão. Só não sabe das finanças do estado quem não quer.
Agora Ratinho não precisa de votos e mudou o discurso. Assim como outros que fizeram o mesmo caminho, está começando a pagar o preço. Do céu de brigadeiro, passou para o confronto. Beto Richa sabe bem onde termina essa ladeira. Ratinho ainda tem tempo de evitar o tombo que tem pela frente.
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Fonte: Plural